janeiro 24, 2012

[páginas abertas]



"Entraste no meu livro e percorreste-o página a página. O teu perfume foi ficando espalhado pelas palavras e o teu prazer de descobrir gravado nos espaços que as separam. Foi tão ansioso o teu espraiar que eu próprio te li parágrafos passados, te dei a mão para visitares comigo memórias há muito arrumadas. Abri páginas antigas ao sentir a tua vontade de as ler. Trouxeste sol às minhas palavras cinzentas. Transformaste em rio as minhas emoções desérticas. Abrimos estradas para aproximar sentires. Fizeste crescer palavras que escrevi. Alagaram-se de prazeres as páginas em que te passei a compor. Tornaste-te semente e fruto. Lágrimas regaram novos vocábulos. O teu olhar deixou de ser leitor para se converter em actor do que escrevi. Despontou o Verão em inúmeras linhas frias. Sopraste uma brisa esfriando a canícula dos silêncios. E hoje quando as páginas continuam abertas, mas o teu olhar passa e não entra nelas, digo-te que há uma letra tua em cada palavra que o meu coração me dita."

PAS[Ç]SOS

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