março 29, 2015

[abraço]



"Foi no silêncio da tua ausência que coreografei, para ti, estas três canções de amor.
Alguns dias antes de partires, quando te peguei ao colo para te deitar, percebi que tentavas levantar o braço para me abraçares. Ajudei-te a levantá-lo e a enlaçá-lo no meu pescoço. Pouco tempo depois foste embora. Mais tarde, sonhei que tinhas voltado para me dares esse abraço de despedida. Estavas ali e o teu abraço tão quente, tão verdadeiro, tão real. Eu, louco de alegria, pensei que era tudo mentira e que não tinhas partido. Pedi-te para me contares como é o outro lado da vida. Serenamente, distanciaste-te um pouco de mim e disses-te: não posso contar, meu amor, não posso. E desapareceste-me outra vez. Esse abraço, que guardarei até ao fim dos meus dias, esteve sempre presente nesta obra que te dedico"
(Vasco Wellenkamp, fev'2015)
 
 
[texto dedicado a Graça Barroso - uma das principais intérpretes do Ballet
Gulbenkian - pelo seu marido e coreógrafo, para a obra "Será que é uma estrela?"
interpretada pela CNB no Programa de Homenagem ao Ballet Gulbenkian.
as músicas coreografadas são "Eu sei que eu vou te amar" (TomJobim/Vivicius
de Moraes), "Eu te amo"(Tom Jobim/ChicoBuarque) e "Beatriz" (Edu Lobo/Chico Buarque)]
 
 
 
 

março 19, 2015

[... porque o tempo não importa]




"Há lugares onde não existe tempo, porque o tempo não importa.
A contagem cronológica cede lugar ao compasso bucólico do que existiu, antes daquilo que agora existe.
Os minutos contam-se pela alegoria das formas talhadas pela erosão dos anos, as horas sucedem-se de forma tão inadvertida e impensada, quanto o próprio acto de respirar....
A memória é um vaso de flores que perdura na janela de uma casa perdida nos tempos de agora.
O tempo não importa.
Da vida só levamos as memórias que o coração abraçou e o coração nada sabe de minutos contados."
(Cláudia Alves Carreiro)






março 13, 2015